segunda-feira, 4 de julho de 2011

América do Norte é maior mercado de drogas do mundo; cocaína e remédios sem prescrição preocupam.



 A América do Norte, em particular os Estados Unidos, continua a ser o maior mercado de drogas do mundo, de acordo com documento divulgado hoje (23) pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc).

Dados do Relatório Mundial sobre Drogas indicam que o tráfico permanece direcionado em primeiro lugar para a região, onde a produção de drogas ilícitas está majoritariamente relacionada à maconha, aos estimulantes tipo anfetamina e aos opiáceos.

O documento mostra que as apreensões de cocaína na América do Norte diminuíram 43% entre 2005 e 2009, mas, no mesmo período, houve aumento das apreensões de anfetaminas (87%), ecstasy (32%), maconha (71%) e heroína (19%).

A taxa de prevalência de consumo de maconha na população entre 15 e 64 anos chega a 10,7% – bem acima da média mundial (7%). A região abriga cerca de um quinto de todos os usuários da droga no mundo.

Entretanto, segundo o Unodc, a droga de maior importância relativa na América do Norte é a cocaína, uma vez que 37% dos usuários em todo o mundo vivem na região. A taxa de prevalência da droga entre a população de 15 a 64 anos é de 1,9%, enquanto a média global é de 0,4%.

Outro problema avaliado pelo relatório como significativo trata do uso sem prescrição de medicamentos, principalmente analgésicos (4,9%) e tranquilizantes (2,2%). A taxa anual de prevalência entre a população com 12 anos ou mais é de 6,4% e perde apenas para a maconha.

Entre os novos usuários de drogas nos Estados Unidos, cerca de 2,2 milhões começaram o consumo por meio de analgésicos. Em 2006, a estimativa é que 38,4 mil pessoas tenham morrido no país em decorrência do uso de drogas, com uma taxa de mortalidade de 182 óbitos para cada milhão de habitantes entre 15 e 64 anos.
Estudo: resfriamento na América do Norte mascara aquecimento.


Novas simulações de computador sugerem que a queda na temperatura do continente foi decorrente de um resfriamento atipicamente longo do oceano .... Foto: National Geographic
Novas simulações de computador sugerem que a queda na temperatura do continente foi decorrente de um resfriamento atipicamente longo do oceano Pacífico, induzido pelo fenômeno La Niña
Foto: National Geographic.


As temperaturas médias na América do Norte caíram em 2008 - o que parece contradizer a teoria do aquecimento global. Mas não é o caso, cientistas dizem. O resfriamento, causado por mudanças naturais na circulação global do ar, temporariamente mascarou os efeitos do aquecimento global, que está se agravando, afirma um novo estudo.
Novas simulações de computador sugerem que a queda na temperatura do continente foi decorrente de um resfriamento atipicamente longo do oceano Pacífico, induzido pelo fenômeno La Niña.
Durante o fenômeno, a temperatura da superfície do mar no leste tropical do oceano Pacífico cai, às vezes até 4 oC abaixo do normal. A La Niña é formada por condições que acontecem de anos em anos e costuma durar cerca de um ano. A que começou em 2007, no entanto, durou cerca de dois anos, disse a líder do estudo Judith Perlwitz, da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA na sigla em inglês).
A La Niña de dois anos afetou os padrões das correntes de ar e dos chamados rastros de tempestade na América do Norte. "Se temos temperaturas de superfície do mar mais frias no Pacífico tropical, elas geram padrões de circulação na atmosfera que fazem com que o ar frio vá para a América do Norte", Perlwitz disse.
David Easterling, climatologista da NOAA que não esteve envolvido no novo trabalho, acrescentou que embora as temperaturas de 2008 na América do Norte tenham sido mais frias que a média, globalmente 2008 ainda foi um dos anos mais quentes já registrados. "As pessoas muitas vezes consideram apenas o clima em sua localidade e não o panorama global", Easterling disse.
Temperaturas coincidentes
A equipe usou temperaturas reais da superfície do mar em 2008 para modelar a resposta atmosférica e calcular a temperatura anual do ar na superfície da América do Norte em 2008. As temperaturas simuladas coincidiram com as temperaturas de superfície observadas.
Por exemplo, tanto o mapa real quanto o do modelo de computador mostraram que o noroeste da América do Norte esteve mais frio em anos anteriores, segundo o estudo, publicado em 8 de dezembro no periódico Geophysical Research Letters.
A equipe também examinou outras possíveis explicações para a queda de temperatura, como erupções vulcânicas e atividade solar. No entanto, não ocorreram erupções que pudessem explicar o resfriamento observado.
E apesar da atividade solar ter sido a menor em 11 anos em 2008, a influência do sol foi pequena demais para explicar as temperaturas frias, concluiu a equipe. Dado viciado Peter Stott, chefe de monitoramento e atribuição do clima do Met Office do Centro Hadley, o serviço nacional do clima no Reino Unido, não esteve envolvido no estudo.
A nova pesquisa é uma explicação convincente do período frio na América do Norte em 2008, Stott disse. "O estudo mostra muito claramente como o padrão observado das temperaturas de superfície do mar em 2008 levou a temperaturas mais frias nos Estados Unidos em relação a anos recentes." O aquecimento global não significa que todo ano será quente, ele acrescentou.
Por exemplo, os cientistas muitas vezes comparam os padrões de temperatura sob o aquecimento global a um jogo em que os dados estão viciados: nem todo lançamento de dados irá resultar em seis duplos, mas isso irá acontecer com mais frequência do que se o dado não tivesse sido adulterado.
Os humanos, de fato, viciaram o dado do clima despejando gases do efeito estufa na atmosfera, dizem esses especialistas. Efeitos naturais como a La Niña sempre irão garantir anos mais frios do que o normal durante a tendência do aquecimento global, mas a definição de "normal" irá gradualmente ficar mais quente à medida que as temperaturas médias da Terra se elevarem, Stott disse.
"As pessoas se ajustam a novos níveis, e sempre haverá variabilidade", disse Kevin Trenberth, cientista atmosférico do Centro Nacional para Pesquisa Atmosférica, que também não participou da pesquisa. "O aquecimento global não significa um aquecimento incessante ano após ano em todos os lugares."
América do Norte, subcontinente que compreende o Canadá, os Estados Unidos e o México. Inclui também a Groenlândia, o departamento francês de ultramar de Saint Pierre e Miquelon e a colônia britânica de Bermudas. A América do Norte tem mais de 395 milhões de habitantes (segundo estimativas para 1997). Junto com a América Central, as Antilhas e a América do Sul, forma o continente americano. A definição de América do Norte algumas vezes inclui também a América Central e as Antilhas.
AMBIENTE NATURAL
Limita-se ao norte com o oceano Ártico, ao leste com o oceano Atlântico, ao sul com o golfo do México e o istmo de Tehuantepec e a oeste com o oceano Pacífico. A superfície do continente é de aproximadamente 23,5 milhões de km2. A América do Norte pode ser dividida em cinco importantes regiões fisiográficas. A metade oriental do Canadá, a maior parte da Groenlândia e porções de Minnesota, Wisconsin, Michigan e Nova York nos Estados Unidos fazem parte do Escudo Canadense.

A segunda região faz parte de uma planície costeira, que ocupa a maior parte do leste dos Estados Unidos e do México. Nos Estados Unidos, a planície costeira é limitada a oeste por uma terceira região, que compreende a cordilheira formada principalmente pelos montes Apalaches. A quarta região abrange a parte central do continente, que vai do Canadá meridional até o sudoeste do Texas e compreende uma extensa planície. A quinta região, que é também a mais ocidental e engloba grande parte do México, é uma área de orogenia ativa, formada por grandes cordilheiras (montanhas Rochosas e sierra Madre), planaltos (planaltos do Colorado e o planalto Mexicano) e bacias profundas (a Great Basin).

Dois importantes sistemas de drenagem — o sistema dos Grandes Lagos e o rio São Lourenço e o sistema dos rios Mississippi e Missouri— dominam a hidrografia da América do Norte oriental e central. Do Canadá ocidental o rio Mackenzie flui para o oceano Glacial Ártico. Em direção ao golfo do México e ao mar das Antilhas correm os rios Bravo e Pánuco. No Pacífico deságuam os rios Colorado, Sonora, Yaqui, Balsas, Colúmbia, Fraser e Yukón. Embora a América do Norte possua uma considerável variedade de climas, é possível identificar cinco importantes regiões climáticas. Os dois-terços setentrionais do Canadá e do Alasca, da mesma forma que toda a Groenlândia, têm climas subártico e ártico. Uma segunda região climática abrange os dois-terços orientais dos Estados Unidos e do Canadá meridional.

Essa região carateriza-se por um clima úmido em que as quatro estações são muito diferenciadas. A terceira região inclui o interior do oeste dos Estados Unidos e grande parte do norte do México. A maior parte dessa zona é desértica e montanhosa. A quarta região climática engloba uma estreita região ao longo do oceano Pacífico que vai desde o Alasca meridional até a Califórnia meridional.

Tem invernos relativamente temperados, mas úmidos, e verões quase secos. A maior parte do sul do México possui clima tropical. A floresta mais notável é a taiga, ou floresta boreal, uma enorme extensão de árvores, em sua maioria coníferas, que cobre boa parte do Canadá meridional e central e se estende até o Alasca. No leste dos Estados Unidos, as florestas são mistas, dominadas por árvores caducifólias. Na parte ocidental do continente, as florestas estão associadas principalmente às cordilheiras montanhosas e nelas predominam as coníferas.

Na Califórnia, a sequóia de madeira vermelha e a sequóia gigante são as espécies mais importantes. As florestas tropicais do México caraterizam-se por uma grande variedade de espécies. Destacam-se os grandes mamíferos, como os ursos, o carneiro canadense, o urso formigueiro, a jaguatirica, o veado, o bisão (que era característico da fauna do norte do México e dos Estados Unidos, e atualmente só se encontra em rebanhos protegidos), o caribu, o alce americano, o boi almiscarado e o wapiti. Entre os grandes carnívoros estão o puma, o jaguar (nas regiões mais meridionais), o lobo e seu parente menor, o coiote, e, no extremo norte, o urso polar.

Os numerosos répteis, como a cobra coral, as víboras, o monstro de Gila e o lagarto de contas, habitam o sudoeste dos Estados Unidos e do México. A América do Norte possui enormes jazidas de grande variedade de minerais, entre os quais se destacam os seguintes: o petróleo e o gás natural no Alasca meridional, no Canadá ocidental e no sul e oeste dos Estados Unidos e do México oriental; grandes leitos de carvão no leste e no oeste do Canadá e dos Estados Unidos; e as grandes jazidas de minério de ferro do leste do Canadá, do norte de Estados Unidos e do centro do México.

POPULAÇÃO
Com exceção da zona central do México, os povos indígenas do subcontinente viviam dispersos geograficamente. Os europeus dizimaram-os e deslocaram-os. A maioria da população atual da América do Norte é de ascendência européia. Pelo menos 35% dos habitantes do Canadá são de ascendência britânica e cerca de 4% são de origem francesa.

A população dos Estados Unidos de ascendência britânica ou irlandesa chega a 29% dos habitantes. Os negros constituem cerca de 12%, os alemães 23%, os hispanos 9% e os habitantes de origem asiática 2,9%. Os povos indígenas americanos e os inuit (esquimós) representam um contigente de cerca de 1,8 milhão nos Estados Unidos e de 400 mil no Canadá. Cerca de 55% da população mexicana é formada por mestiços.

Da população restante, 30% são de origem indígena americana e 15% de origem européia. Em 1997, os Estados Unidos tinham 271,6 milhões de habitantes, o México 94,3 milhões de habitantes, o Canadá 29,9 milhões de habitantes e a Groenlândia (estimativas para 1995) 55.700 habitantes. A maior parte da população concentra-se na metade oriental dos Estados Unidos e nas adjacências de Ontário e Quebec, na costa do Pacífico dos Estados Unidos e no planalto central do México. No geral, a densidade populacional da América do Norte é moderada.

No México é de 43 hab/km2, nos Estados Unidos de 27,2 hab/km2 e de 2,6 hab/km2 no Canadá. O
inglês é a língua mais utilizada. A população hispânica dos Estados Unidos fala espanhol. O francês é falado por um-quarto da população canadense. Muitos dos povos indígenas dos Estados Unidos, do Canadá e da Groenlândia utilizam suas línguas tradicionais. O espanhol é a língua dominante no México. Porém mais de cinco milhões de mexicanos falam línguas indígenas.

ECONOMIA
A agricultura tem uma importância maior no México do que nos demais países da América do Norte e proporciona emprego a cerca de 25% da população ativa. A agricultura de subsistência ainda existe, principalmente no sul. A agricultura comercial desenvolveu-se, sobretudo, na planície central e no norte do país.

Nos Estados Unidos e no Canadá, a agricultura é dominada por fazendas mecanizadas, que produzem imensas quantidades de produtos vegetais e animais. As Grandes Planícies do centro dos Estados Unidos e as províncias da pradaria canadense (Alberta, Manitoba, Saskatchewan) são importantes centros produtores mundiais de cereais, sementes oleaginosas e gado.

A agricultura da Califórnia produz grande quantidade de culturas de irrigação. A silvicultura é um dos setores básicos da economia canadense. Importantes indústrias de produtos florestais prosperam também nos estados do oeste e do sudeste dos Estados Unidos. A pesca é a principal atividade econômica da Groenlândia. Há muito que a indústria vem sendo o principal setor econômico dos Estados Unidos.

A maior concentração de fábricas ocorre no cinturão industrial que se estende de Boston a Chicago. Essa atividade econômica também é importante no Canadá e concentra-se nas
cidades de Ontário, Quebec, Colúmbia Britânica e Alberta e atualmente é uma atividade em franco desenvolvimento na economia mexicana. Os Estados Unidos, o Canadá e o México são parceiros comerciais graças ao Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA), que entrou em vigor em 1994, determinando a eliminação das barreiras comerciais entre esses três países.

HISTÓRIA
A ocupação humana da América do Norte começou no período quaternário, talvez há cerca de 50.000 anos. Provavelmente, povos de raça mongolóide alcançaram o subcontinente a partir da Ásia. Eric, o Vermelho, explorou e colonizou a Groenlândia. Depois, Leif Eriksson desembarcou em algum lugar situado entre Labrador e Nova Inglaterra.

As explorações européias da América do Norte adquiriram importância com a viagem realizada em 1492 por Cristóvão Colombo. Em 1497, Giovanni Caboto, navegante a serviço da Inglaterra, percorreu as costas de Labrador, Terra Nova e Nova Inglaterra. Em 1519, Hernán Cortés chegou ao México e conquistou a região. O êxito surpreendente da ocupação deveu-se, em grande parte, às lutas que dividiam os povos indígenas. A divisão interna era especialmente grave no império asteca, que dominava com mão de ferro as outras etnias do centro do México.

Os maias, outro grande povo mexicano, não foram
capazes de oferecer uma resistência efetiva aos espanhóis, que os encontraram já em plena decadência. As colônias criadas pelos espanhóis na área do México agruparam-se no Vice-reinado da Nova Espanha. As autoridades espanholas completaram a conquista do México e ocuparam grandes áreas agora situadas ao sul dos Estados Unidos. 

A França explorou e colonizou o continente desde o Canadá até o sul. Em 1524, Giovanni da Verrazano, a serviço da França, percorreu a costa norte-americana desde o cabo Fear até o cabo Breton. O explorador francês Jacques Cartier explorou o rio São Lourenço. Em 1682, Robert Cavalier e Henri de Tonty navegaram pelo Mississippi e reclamaram a posse de todos os territórios banhados por esse rio.

A coroa inglesa reivindicou os seus direitos sobre América do Norte com base na viagem de Cabot, mas durante quase um século não fez qualquer tentativa de colonização. Depois de 1607, os ingleses colonizaram progressivamente todo o litoral Atlântico entre a colônia francesa da Acádia e a espanhola da Flórida. Os principais assentamentos franceses fixaram-se no Canadá e próximo da desembocadura do Mississippi. As possessões inglesas consistiam em 13 colônias que se estendiam ao longo do litoral Atlântico. Como conseqüência de suas tentativas de expansão para o oeste, os ingleses acabaram entrando em conflito com os franceses. Em 1689, as duas potências começaram uma luta pela supremacia militar e colonial.

Depois de quatro guerras, os franceses capitularam e cederam à Grã-Bretanha todas as suas possessões no Canadá e também a parte da Louisiana ao leste do Mississippi. A Guerra da Independência Norte-americana (1776-1783) fez nascer os Estados Unidos da América. O êxito das Treze Colônias em sua independência da Inglaterra teve repercussões nas colônias espanholas da América. O México tornou-se independente em 1821. No final do século XIX e início do XX, o Canadá também obteve total autonomia da Grã-Bretanha. A expansão territorial dos Estados Unidos foi marcada por uma guerra impiedosa contra os povos indígenas, que resistiram à invasão de suas terras.

Não foram somente os conflitos armados que dominaram esses povos, mas também a assimilação pela força e a expropriação de suas terras. Nos Estados Unidos e no Canadá, a maioria dos povos indígenas americanos continuam vivendo em reservas.

Além da compra de territórios contíguos, os Estados Unidos obtiveram outras regiões das Américas do Norte e Central: o Alasca, Porto Rico, a zona do Canal de Panamá e as ilhas Virgens norte-americanas. A hegemonia que os Estados Unidos exercem no subcontinente começou em 1823 com a Doutrina Monroe (“América para os americanos”), ainda que na prática ela não se aplicasse a América do Sul até depois da I Guerra Mundial. O único conflito sério depois da independência foi a Guerra México-Estados Unidos, na qual o primeiro perdeu metade do seu território. Durante o século XX, a tendência à hegemonia norte-americana, sob a forma de amizade mútua entre as nações americanas, tomou forma em 1910 com o estabelecimento da União Pan-americana. Em 1948 nasceu a Organização dos Estados Americanos, para executar o tratado do Rio de Janeiro e como sistema de segurança coletivo. As relações entre os Estados Unidos e o Canadá têm sido amistosas e cooperativas, desde a Guerra de 1812.


Aquecimento global ameaça América do Norte com aumento de doenças infecciosas

Por conta do aquecimento global, a América do Norte poderá ser atingida por doenças infecciosas transmitidas por insetos, pela água ou pela alimentação em um futuro próximo. Três pesquisadores do Instituto de Pesquisas do Hospital para Crianças de Toronto (Canadá), Amy Greer, Victoria Ng e David Fisman, descreveram as conseqüências do aumento previsível da temperatura e das precipitações num artigo editado pela publicação especializada "Canadian Medical Association Journal". Segundo eles, moléstias como a doença de Lyme, a febre de vírus West Nile, a chikungunya, além da cólera, dos surtos de diarréias e de infecções respiratórias, poderão aparecer ou estender-se por uma área que vai do sul dos Estados Unidos até o Ártico.

As relações estreitas entre o clima, o meio ambiente e as doenças infecciosas nos países em desenvolvimento, como a Índia ou alguns Estados da África Subsaariana, já foram descritas com precisão. Já nos países desenvolvidos, onde as condições sócio-econômicas e a exposição a insetos vetores de doenças são nitidamente diferentes, as conseqüências sanitárias da alteração climática serão provavelmente menos agudas, porém bem reais.

"As moléstias transmitidas pela água continuam surgindo, apesar das sofisticadas tecnologias de tratamento de água que foram implantadas", sublinham Amy Greer e seus colegas, lembrando várias epidemias que ocorreram recentemente na América do Norte. "As epidemias de doenças transmitidas pela água foram vinculadas por especialistas a episódios de precipitações extremas, e elas deverão se intensificar no decorrer das próximas décadas", escrevem. "Além disso, a maior parte das gastrenterites, em particular aquelas provocadas pelas bactérias campylobacter e salmonela, vêm seguindo nitidamente um modelo de ocorrência estival". Os pesquisadores também avaliam que a elevação das temperaturas tornaria provável um aumento das ocorrências das moléstias transmitidas pela água e a alimentação.

As incidências das infecções pulmonares provocadas por agentes transmitidos pela água serão muito provavelmente amplificadas, tanto na sua virulência quanto no crescimento da sua área de atuação, pelas modificações do clima. Este deverá ser o caso da legionelose, cuja "incidência culmina durante os meses mais quentes, enquanto os riscos (de ocorrências) aumentam quando o clima se torna chuvoso e úmido", relatam Amy Greer e seus colegas. Em sua opinião, "a moléstia digestiva transmitida pela água que apresenta as maiores condições de se intensificar como resposta à alteração climática mundial é a cólera", cuja manifestação "poderia aumentar consideravelmente".

O artigo aborda igualmente os transtornos que deverão se produzir na ecologia de certas micoses cuja presença endêmica poderia se estender, ampliando o seu raio de ação. "Os verões secos e as precipitações invernais importantes que estão sendo previstas para a América do Norte preenchem as condições ideais para a disseminação do Blastomyces dermatitidis, um champignon responsável por moléstias dos ossos, dos pulmões e da pele", indicam como exemplo os autores.

O artigo descreve também as modificações que dizem respeito às moléstias transmitidas por insetos. Assim, eles prevêem a extensão para as províncias canadenses do Alberta e do Saskatchewan das áreas onde se propagam os carrapatos, que são vetores, entre outras, da doença de Lyme. Além do mais, um advento mais precoce da primavera teria por efeito um aumento do número dos casos humanos de infecção pelo vírus West Nile. Em contrapartida, os pesquisadores prevêem uma atenuação do impacto das epidemias de gripe sazonal e avaliam como sendo "imprecisos" os riscos de reinstalação da malária nos Estados Unidos e no Canadá.

Os autores insistem na gravidade da ameaça que esta evolução pejorativa faria pesar sobre as populações que vivem nas regiões árticas, que já estão desfavorecidas neste campo. Em sua conclusão, eles fazem um apelo para que seja reforçado o dispositivo de vigilância das moléstias suscetíveis de se intensificarem no futuro.

Paul Benkimoun


FONTE: Le Monde